terça-feira, 8 de novembro de 2011

O INÍCIO

Decidi fazer o blog por dois motivos: primeiro porque acredito que através dele posso ajudar muitas pessoas que estejam passando por um câncer ou conhecem alguém que esteja passando por isso. Segundo porque é escrevendo que eu me acalmo, então quero fazer este blog de diário e então poder compartilhar com quem quiser. Já era pra eu ter feito ele antes, mas acabei deixando passar. Mas agora quero mesmo dividir isso e pra isso vou dar uma rápida resumida na história.
Há quatro meses, pra ser mais exata no dia 17 de junho deste ano, eu recebi um diagnóstico que eu acho que ninguém gostaria muito de receber: descobri que tinha Leucemia. Pra quem não sabe, há vários tipo de Leucemia, eu nem fazia ideia, mas sim, tem. A minha é do tipo Mielóide Aguda. É um tipo comum na minha idade e não é das piores. Menos mal, né? Dos males sempre o menos.
Bom, foi tudo muito rápido, não tive muito tempo de processar a informação, de digerir tudo, o tempo que eu tinha era pra respirar de encarar os fatos: eu tinha um câncer e eu precisava me tratar logo e pra isso eu precisava ser forte. Mas como se tem forças numa hora dessas? Porque o mundo desaba em nossas cabeças, acho que é o pior momento, de todos os piores momentos ao longo do tratamento, acho que esse é o mais difícil. É a hora que você olha e pensa: “Caraca, morri!”. Mas não, não morri e passei longe disso.
Após a minha crise de choro, de desespero e de frustração, quando eu realmente me acalmei, pensei: “nada acontece por acaso Luanne”.
Hoje eu costumo dizer que a Leucemia veio com um único propósito: me ensinar a viver. Foi um presente maravilhoso que eu ganhei, pois foi uma pausa que eu tive que fazer para poder refletir em tudo que estava errado. Ver meus amigos ali, me dando força, lutando comigo, me amparando, saber que eu realmente tenho amigos e que eu posso contar com eles, nossa, isso foi incrível. Mas sem dúvidas ver a minha família junto comigo, me dando o maior apoio do mundo e finalmente sendo uma família putz, não tem nem palavras pra descrever tamanha alegria. Foi maravilhoso. Ver que eu tenho um namorado de verdade, que ficou comigo desde o primeiro dia, até o último, que está comigo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, foi simplesmente tudo. Só resta saber se na riqueza e na pobreza ele vai continuar! Kkk
Me senti completa e amada e isso me deu forças pra lutar com toda a garra que eu lutei.
Enfim, quando eu pisquei, já era segunda-feira e meu tratamento se iniciara, estava preparada pra uma bomba do tamanho do mundo. Logo me imaginei debilitada, graça, pálida, com olheiras fundas, careca, enfim, um verdadeiro bagaço. Mas os dias foram passando e nada disso aconteceu. Assim, fiquei fraca, claro, eu estava doente e tomando quimioterapia, isso realmente debilita o organismo, mas nada que seja impossível. Foram passando semanas e eu estava bem, estava encarando tudo numa boa.
Mas foi logo na segunda quimioterapia que tudo desandou. Tive crises de choro, estresse, raiva, frustração, medo, ansiedade, tudo que vocês possam imaginar. Foi uma fase tensa e foi a fase que eu mais fui para o hospital seja pra exame, seja pra tomar um medicamento ou internar, a fase que eu mais passei mal e foi justamente entre a primeira e a segunda que meu cabelo começou a cair.
Pra mim a ideia de ficar careca nunca me agradou, desde o início eu não gostava nem de falar no assunto, não queria saber, dizia até que eu não ia ficar careca, pois por mais que caísse cabelo, não fazia diferença. Haja cabelo!! E assim foi indo durante 3 meses. Meu cabelo foi caindo, caindo e eu vendo ele indo embora todos os dias, sabendo que ele não ia voltar pro lugar e que isso só ia piorar. Mas tá, eu ainda permanecia forte. Até que ele começou a ficar ralo na frente e eu comecei a usar chapéu e finalmente na ÚLTIMA quimioterapia, na quarta, parece que foi só ai que foi possível notar realmente a diferença. Não tinha mais como fugir, eu precisava encarar mais um desafio: raspar a cabeça. Pra um homem isso não seria tão difícil, mas para um mulher vaidosa e com apenas 20 anos, talvez isso fosse um pouquinho mais complicado. Admiro muito quem tem peito de ir lá e encarar logo. Foi difícil pra mim.
Na hora eu chorei, não queria me olhar do espelho sem lenço de jeito nenhum, mas depois? Nossa, que alívio, que peso eu tinha tirado de cima de mim. Foi a melhor coisa que eu fiz, se eu soubesse que seria assim... hoje eu simplesmente AMO trocar de lenços e comprar lenços diferentes e inventar. Acaba ficando estiloso!

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