sábado, 26 de novembro de 2011

COMPARTILHANDO EXPERIÊNCIAS

Hoje fiz uma visita ao hospital onde internei para o meu tratamento. Vi as enfermeiras que estiveram comigo o tempo todo ao longo do tratamento que hoje são pessoas que eu guardo no meu coração com todo carinho e consideração do mundo. São mais do que especiais.
Durante a minha visita a Cleidiana, uma das enfermeiras, uma grande amiga, me apresentou um paciente, o Cleifer de 8 anos que está com um câncer no braço erquerdo. Ele começou a fazer quimioterapia há uma semana, mais ou menos, é um garoto fofo! Tímido, quase não trocamos palavras, mas com uma carinha muito boa.
As poucas palavras que trocamos foram em relação ao tratamento, aos remédios, às agulhas, enfim, trocamos experiências. Rs.
Foi tão rápido, mas me fez tão bem. Depois que terminei meu tratamento, me deu uma vontade imensa de poder ajudar outras pessoas de alguma forma, compartilhando minha experiência e confortando, e de repente, ali, eu pude perceber o quanto isso faria bem não só para o paciente, mas pra mim também.
Reparei a carinha que ele fez quando a Cleidiana falou: "Cleifer, essa a Luanne, ela teve leucemia e hoje está curada. Olha só como o cabelinho dela ta crescendo!". Ele olhou com aquela carinha como estivesse dizendo: "Nossa, sério? Você teve?". Fiquei tão feliz com isso, senti que posso mesmo confortar as pessoas e mostrar que um dia tudo isso passa e ficamos bem e fortes! Foi muito bom poder compartilhar, mesmo que rapidamente e sem detalhes, a minha experiência. Isso só alimentou mais a minha vontade de ajudar, de compartilhar isso com pessoas que estejam passando por isso.
Eu sei como isso faz diferença e quero que sintam isso também, quero poder fazer com que isso aconteça. Agora mais do que nunca quero fazer um trabalho voluntário com crianças e jovens que estejam passando por um câncer.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

FÉ, FORÇA E DETERMINAÇÃO

Deus escolhe a dedo os premiados e dá a cruz de acordo com a força de cada um. Ele nunca dá um peso maior do que podemos aguentar.

Não é só porque ele é um rosto bonito, um ótimo ator, é super famoso e super charmoso. É porque ele é tudo isso e está mostrando que é muito mais. Além de tudo ele é guerreiro e é cristão. Tem fé, força e determinação.
Fé para acreditar que ó melhor sempre virá,
força para aguentar todos os tombos e
determinação para levantar e seguir em frente, sem medo do que está por vir. 
 Quantas pessoas agiriam da mesma forma? É, sem dúvidas, um exemplo a ser seguido. É uma história de superação, uma grande superação. Quem poderia imaginar que por tras de um rostinho tão belo se escondinha um homem tão forte? Atrás desse sorriso, com certeza, há um grande homem e são lições como esta que devemos levar para a vida, que temos que colecionar.


quinta-feira, 24 de novembro de 2011

QUE SAUDADES!!!

Longe de você - Charlie Brown Jr.
http://letras.terra.com.br/charlie-brown-jr/81938/

"Longe de você eu preciso de algo mais
Eu vivo na espera de poder viver a vida com você
Eu conto as horas para estar com você.
Quando eu te vejo eu começo a sorrir
Não quero disperdiçar a chance de ter encontrado você
Eu procurei a vida inteira sem saber bem pelo que
Mas se pelo menos você estivesse aqui."

"DEUS NÃO DÁ UMA CRUZ MAIS PESADA DO QUE PODEMOS CARREGAR"

Hoje estou me sentindo tão vazia, tão sozinha e triste. Não sei o que está havendo. Talvez uma recaída? Isso não pode acontecer. Preciso ter forças pra continuar olhando pra frente, não posso parar agora, não posso desanimar agora. Sinto falta daquela Luanne otimista e positiva, parece que agora há uma Luanne triste e desanimada.
Mas não vou deixar isso acontecer, não posso deixar isso tomar conta de mim. Hoje conversando com duas amigsas (Eugênia e Marina) comentávamos sobre como reclamamos e criticamos tudo que temos sem grandes motivos. Às vezes reclamamos do nosso cabelo, de não ter roupa ou o nariz torto, mas nunca pensamos numa coisa: tem gente que não tem cabelo, outras não tem dinheiro pra comprar roupa nova e algumas pessoas têm uma deformação no rosto. Mesmo assim ainda reclamamos por tudo isso? Claro que cada um tem seus problemas, mas de vez enquando é bom pesá-los e vermos que nada disso precisa ter toda essa relevância toda. Não é que "sempre tem alguém pior", mas sim que os seus problemas podiam ser piores e  então realmente grandes e não são. Então não reclame dessas pequenas coisas, você pode viver com isso.
Cada um tem a sua própria concepção de dificuldade e de problema e cada um lida com suas dificuldade de acordo com sua capacidade e uma frase que um dia ouvi e nunca mais esqueci: "Deus não dá uma cruz mais pesada do que não podemos segurar", ou seja, Ele sabe o que faz e ele faz sabendo das limitações de cada um e acredite, não há ninguém nesse mundo que nos conhece melhor. Deus sabe dos nossos limites e estamos sempre superado vários deles, isso significa que não temos noção da nossa capacidade, do quanto ela é imensa e quando é nos colocado à prova vemos o quanto somos fortes.
Temos que arriscar mais, sem medo, temos que aprender a esperar o melhor. Sempre que estou triste procuro uma música que me conforta, algo que me dê segurança, parece que a música conversa com a gente e na minha opinião é a melhor terapia que existe. Meu namorado me pediu pra eu ouvir essa e me senti muito mais leve depois:

Preciso de Ti - Diante do trono:

Acredito muito que Deus tem um propósito pra cada um de nós, temos que ter fé e acreditar em nossas capacidades. Todos somos capazes, mas nem todos sabem disso porque talvez nem todos ainda passaram pelo teste, mas um dia podem passar.



quarta-feira, 23 de novembro de 2011

FAZER OU NÃO O TRANSPLANTE

Hoje fomos visitar meu médico para conversarmos sobre a ideia do transplante. Não foi exatamente o que eu esperava. Fui cheia de dúvidas e confusa, e saí de lá mais confusa ainda. Claro que o enchi de perguntas, queria saber tudo detalhadamente, sem meias verdades. Então vamos aos fatos. O transplante em si é algo muito simples, o ruim são as consequências.
Podem acontecer muitas coisas como a medula nova não pegar e então ter que transplantar de novo ou ela pode rejeitar meus órgãos causando o que chamam de “doença do enxerto contra o hospedeiro”, é o que geralmente acontece, mas é fácil de controlar e resolver isso. E também pode acontecer da medula nova demorar a pegar e com isso eu fico mais tempo sem defesas e mais propicia a pegar doenças e infecções. Fora a pior notícia: posso ficar estéril. Isso eu realmente não esperava e me deixou abalada.
Claro que não quero ter filhos agora e com certeza isso vai demorar muito tempo ainda, mas um dia vou querer e não posso pensar só no agora, preciso pensar no futuro também e se isso me oferece risco no futuro, será que devo mesmo fazer? Afinal, nenhuma mulher quer receber a notícia de que não pode engravidar, né? Até porque hoje há tantas formas de resolvermos tudo, posso congelar meus óvulos se for o caso, por exemplo. Então pra tudo se dá um jeito. É uma decisão difícil, tudo tem que ser muito bem conversado e explicado, por envolver muito mais coisas do que se pode imaginar.
Medo eu até tenho, não vou negar, afinal, tudo pode acontecer, mas PODE, não significa que vai acontecer. E sinceramente? Entrego tudo nas mãos de Deus, que Ele me guie e ilumine pra que eu escolha o melhor caminho. Sei que vai dar tudo certo, deu até agora porque não vai continuar dando? Sempre tive pensamentos positivos, não é agora que vou deixar a “peteca cair”, agora é hora de reunir todas as minhas forças e tomar a decisão que eu acho que será melhor pra mim.
Não quero ficar pensando nisso como se fosse um martírio pra mim, como tem sido esses últimos dias, vou pensar numa coisa de cada vez e ir resolvendo tudo aos poucos.
Primeiro passo: reunir meus exames, meu histórico, organizar tudo e seguir rumo a São Paulo
Segundo passo: conversar com especialistas, apresentar meu caso, ouvir várias opiniões
Terceiro passo: conhecer o hospital, a estrutura, a cidade, enfim, tudo.
Quarto passo: tomar minha decisão.
Resumindo: não adianta colocar o carro na frente dos bois. O mal do ser humano é a ânsia pra fazer tudo ao mesmo tempo e resolver tudo logo. Mas tudo tem seu tempo e hora certa, então quando for a hora, se for mesmo, eu vou saber e eu tenho certeza que saberei tomar a decisão certa. Vou viver um dia de cada vez, resolver uma coisa de cada vez e lá no final eu penso no que fazer, enquanto isso vou curtir meu final de ano: meu Natal, meu Reveillon, família, amigos, namorado, Dolly! Neste momento é isso que importa. Como já havia dito: o depois? Deixa pra depois! ;)
Boa noite!

domingo, 20 de novembro de 2011

NUNCA SENTI TANTA FALTA DO MEU CABELO

Dia 1° deste mês fez exatamente um mês que eu raspei a cabeça. Até então nunca havia tido nenhuma grande recaída, nada que me fizesse ficar tão pra baixo e triste, mas há dois dias não paro de pensar nisso e de me olhar no espelho e me sentir a mulher mais feia e mais imcompleta do mundo.
Hoje, ao sair de casa, tive a sensação de estar sendo observada o tempo todo, como se todos estivessem me olhando e comentando algo. Era coisa da minha cabeça. É fato que quando não estamos bem conosco, então não estamos bem com o mundo e nada mais se encaixa. E eu não ando bem comigo mesma.
Preciso encontrar minha paz interior novamente e aceitar os fatos. É natural de vez enquando termos recaídas, temos esse direito inclusive. Mas nos fazem tão mal, então não podem ser prolongadas, têm que ser passageiras. O difícil é ter que encarar essa realidade a cada vez que eu me olho no espelho: quando acordo, escovo os dentes, lavo as maos, saio do banho, me arrumo para sair, quando entro no elevador, onde quer que eu vá, tudo me faz lembrar, tudo me faz sentir. Mas é mais um dos desafios que me foram propostos, então será mais um que eu vou superar.
Superação requer força e determinação, e eu tenho os dois, acredito nisso. Sei que pode parecer banal, mas como já havia dito não é fácil para uma mulher perder os cabelos, pelo menos não para mim. Faz mais de um mês e eles estão crescendo a todo vapor, isso é muito bom. Cada milímetro que eles crescem por dia pra mim é um metro! kk
Hoje, assistindo ao Fantático, me emocionei com a entrevista do Reynaldo Gianecchini. Ele relembrou a cena da novela "Laços de família" em que a Carolina Dieckmann raspou a cabeça. Foi uma cena forte e ao vê-la novamente eu me vi no lugar dela, eu passei por aquilo, eu senti aquilo na pele e acreditem, não foi fácil. Mas não há nada que seja impossível e apesar da minha pendência com Deus, eu sei que Ele está comigo sempre e tenho fé que Ele vai continuar me dando forças para que cada dia seja uma nova conquista.
Mexendo nas minhas pastas de fotos agorinha achei essa, é de um ano e meio atrás, no aniversário da Nina. Lembro que gostei tanto do meu cabelo nela, foi a primeira coisa que comentei quando vi. E olhando para ela me bateu uma saudade forte do meu cabelo! Sei que vão crescer e não vejo a hora!



Nina e eu, no seu aniversário de 18 anos.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

MEDO

Queria poder ter a certeza de tudo, ter garantia de alguma coisa, sentir que estou em terreno seguro, mas é como todos dizem: “certeza mesmo só temos da morte”. E mesmo assim não sabemos nem quando ela vai chegar. Queria me sentir menos insegura, com menos medo, mas neste momento o sentimento que mais toma conta de mim é o medo. Mas ai me pergunto: medo de quê? Sei que não vai dar nada errado, sei que se tudo deu tão certo até hoje, não vai ser agora que vai dar errado. Deus está me dando mais um desafio, mais uma grande luta dessa batalha que teve um breve intervalo. Mas esse intervalo é tão bom, tão tentador, dá vontade de permanecer assim por muito tempo ainda, dá vontade até de arriscar ficar dois anos em total vigília esperando uma possível reincidência. Mas não, não posso fazer isso, é arriscar demais, é brincar com a vida, com a sorte. Se eu ganhei mais esse desafio é porque consigo vencer mais essa luta até chegar no final da batalha. E eu sei que eu vou conseguir.
Mas tem dias, como hoje, que eu me sinto extremamente sozinha e com um medo enorme de tudo que está por vir, mas na verdade, acho que não é bem um medo, é porque eu realmente não esperava, não estava preparada, creio que numa questão de dias, só vai levar mais um tempo pra eu me acostumar. Essas recaídas são normais, são elas que nos fortalecem.
Eu já tinha tirado a ideia do transplante da minha cabeça, nem estava mais lembrando disso, pra mim eu ia ficar esses dois anos em total vigília e eu tinha total certeza e confiança de que nada mais irá acontecer. Mas quando o doutor me falou que os especialistas disseram que é melhor eu fazer o transplante agora do que esperar uma possível reincidência, fiquei insegura. De repente me bateu um medo de fazer isso e não dar certo, de fazer o transplante e meu organismo rejeitar... mas não posso pensar assim, não é assim que um guerreiro deve pensar, um guerreiro nunca desiste ou desanima de suas lutas, muito pelo contrário, a cada luta que passa ele se fortalece mais e cada batalha vencida torna-se um eterno aprendizado. Sei que não fui escolhida à toa, sei que Deus só me escolheu porque Ele sabe que sou forte o suficiente pra lutar e determinada o suficiente pra vencer e possuo todas as armas necessárias para encarar tudo e as que eu não tenho, eu invento. Sei que não é à toa que estou aqui hoje, sei que essa batalha não acabou e eu estou pronta para encará-la, pelo menos eu acho. Nunca estamos realmente prontos, né? Mas na hora a gente sempre se vira!! É a nossa incrível capacidade de resiliência, adoro isso.
Nem é certeza ainda, mas que eu sei o quanto isso é importante e que eu estou decidida a ir, isso eu estou. As consequências? Neste caso? Eu deixo pra ver isso depois...
Chega de pensar no depois agora, agora é hora de pensar no agora. O depois... amanhã a gente pensa nisso!

UM SUPOSTO FIM

Eu terminei meu tratamento há pouco mais de um mês e até então o transplante não estava mais em nossos planos, mas ontem (07/11/2011) saiu o resultado da compatibilidade entre eu e o meu possível doador: ele é 90% compatível comigo. Bom, era pra eu estar super animada, feliz, eu estou, mas não estava preparada. Até então pra mim tinha acabado tudo, pronto agora posso voltar a fazer as minhas coisinhas, minha vidinha vai voltar ao normal, ano que vem poderei voltar à faculdade. Mas mais uma vez meus planos foram frustrados e muito provavelmente vou ter que continuar do jeito que eu estou por um bom tempo ainda. Mas é por uma boa causa.
Prefiro pensei que isso vai me dar uma garantia muito maior de tudo. Sem o transplante as chances da doença voltar são de 70% e com o transplante elas caem pra 30%, ou seja, melhor não pagar pra ver, certo?
Só sei que não adianta eu ficar sofrendo por antecedência e nem ficar planejando nada, até porque não faço a mínima ideia de nada. Só sei que só quero pensar nisso de novo depois que eu conversar com o meu médico e esclarecer todas as minhas dúvidas e decidir se eu realmente vou fazer o transplante ou arrisco ficar entre os 30%. Mas acho que já tomei minha decisão!

O INÍCIO

Decidi fazer o blog por dois motivos: primeiro porque acredito que através dele posso ajudar muitas pessoas que estejam passando por um câncer ou conhecem alguém que esteja passando por isso. Segundo porque é escrevendo que eu me acalmo, então quero fazer este blog de diário e então poder compartilhar com quem quiser. Já era pra eu ter feito ele antes, mas acabei deixando passar. Mas agora quero mesmo dividir isso e pra isso vou dar uma rápida resumida na história.
Há quatro meses, pra ser mais exata no dia 17 de junho deste ano, eu recebi um diagnóstico que eu acho que ninguém gostaria muito de receber: descobri que tinha Leucemia. Pra quem não sabe, há vários tipo de Leucemia, eu nem fazia ideia, mas sim, tem. A minha é do tipo Mielóide Aguda. É um tipo comum na minha idade e não é das piores. Menos mal, né? Dos males sempre o menos.
Bom, foi tudo muito rápido, não tive muito tempo de processar a informação, de digerir tudo, o tempo que eu tinha era pra respirar de encarar os fatos: eu tinha um câncer e eu precisava me tratar logo e pra isso eu precisava ser forte. Mas como se tem forças numa hora dessas? Porque o mundo desaba em nossas cabeças, acho que é o pior momento, de todos os piores momentos ao longo do tratamento, acho que esse é o mais difícil. É a hora que você olha e pensa: “Caraca, morri!”. Mas não, não morri e passei longe disso.
Após a minha crise de choro, de desespero e de frustração, quando eu realmente me acalmei, pensei: “nada acontece por acaso Luanne”.
Hoje eu costumo dizer que a Leucemia veio com um único propósito: me ensinar a viver. Foi um presente maravilhoso que eu ganhei, pois foi uma pausa que eu tive que fazer para poder refletir em tudo que estava errado. Ver meus amigos ali, me dando força, lutando comigo, me amparando, saber que eu realmente tenho amigos e que eu posso contar com eles, nossa, isso foi incrível. Mas sem dúvidas ver a minha família junto comigo, me dando o maior apoio do mundo e finalmente sendo uma família putz, não tem nem palavras pra descrever tamanha alegria. Foi maravilhoso. Ver que eu tenho um namorado de verdade, que ficou comigo desde o primeiro dia, até o último, que está comigo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, foi simplesmente tudo. Só resta saber se na riqueza e na pobreza ele vai continuar! Kkk
Me senti completa e amada e isso me deu forças pra lutar com toda a garra que eu lutei.
Enfim, quando eu pisquei, já era segunda-feira e meu tratamento se iniciara, estava preparada pra uma bomba do tamanho do mundo. Logo me imaginei debilitada, graça, pálida, com olheiras fundas, careca, enfim, um verdadeiro bagaço. Mas os dias foram passando e nada disso aconteceu. Assim, fiquei fraca, claro, eu estava doente e tomando quimioterapia, isso realmente debilita o organismo, mas nada que seja impossível. Foram passando semanas e eu estava bem, estava encarando tudo numa boa.
Mas foi logo na segunda quimioterapia que tudo desandou. Tive crises de choro, estresse, raiva, frustração, medo, ansiedade, tudo que vocês possam imaginar. Foi uma fase tensa e foi a fase que eu mais fui para o hospital seja pra exame, seja pra tomar um medicamento ou internar, a fase que eu mais passei mal e foi justamente entre a primeira e a segunda que meu cabelo começou a cair.
Pra mim a ideia de ficar careca nunca me agradou, desde o início eu não gostava nem de falar no assunto, não queria saber, dizia até que eu não ia ficar careca, pois por mais que caísse cabelo, não fazia diferença. Haja cabelo!! E assim foi indo durante 3 meses. Meu cabelo foi caindo, caindo e eu vendo ele indo embora todos os dias, sabendo que ele não ia voltar pro lugar e que isso só ia piorar. Mas tá, eu ainda permanecia forte. Até que ele começou a ficar ralo na frente e eu comecei a usar chapéu e finalmente na ÚLTIMA quimioterapia, na quarta, parece que foi só ai que foi possível notar realmente a diferença. Não tinha mais como fugir, eu precisava encarar mais um desafio: raspar a cabeça. Pra um homem isso não seria tão difícil, mas para um mulher vaidosa e com apenas 20 anos, talvez isso fosse um pouquinho mais complicado. Admiro muito quem tem peito de ir lá e encarar logo. Foi difícil pra mim.
Na hora eu chorei, não queria me olhar do espelho sem lenço de jeito nenhum, mas depois? Nossa, que alívio, que peso eu tinha tirado de cima de mim. Foi a melhor coisa que eu fiz, se eu soubesse que seria assim... hoje eu simplesmente AMO trocar de lenços e comprar lenços diferentes e inventar. Acaba ficando estiloso!