quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

ANGÚSTIA

Olá! Já faz um tempo que eu não apareço por aqui, né? É que às vezes me falta assunto. Talvez se eu tivesse começado o blog antes teria novidades sempre. Bom, hoje tenho uma novidade. Hoje eu recebi o histórico do meu tratamento e resolvi lê-lo. Ao ler senti um aperto imenso no coração e não consegui me segurar. Por um lado penso como é horrível ler tudo e ver que passei por coisas tão ruins, mas por outro é tão bom ler e ver que eu PASSEI, isso é passado, acabou e eu estou aqui hoje, bem e vitoriosa.
Mas acontece que não é só isso. No histórico consta o resultado de um dos milhares exames que eu fiz ao longo do tratamento. Chama-se FLT3, mutação D835 e duplicação interna em tandem. O nome é meio complicado, mas para facilitar o entendimento esse exame define o prognostico da doença se é bom ou ruim, ou seja, se o paciente apresenta essa mutação o prognóstico é ruim e se não o prognóstico é bom. Infelizmente eu apresento essa mutação, o que aumenta a probabilidade da doença voltar. Mas como nem tudo está perdido, há uma solução: o transplante.
Por mais que a minha resposta ao tratamento tenha sido muito boa, tudo dentro do esperado, ainda há esse risco e é isso que me deixa insegura. Se eu realmente não tivesse outra escolha eu iria sem dúvidas fazer esse transplante, mas quando eu me vejo bem e curada, depois de tudo que eu passei eu penso: pra que? Pra que passar por tudo de novo? Será que só isso já não é suficiente? Pra arriscar fazer o transplante.
Infelizmente se eu não fizer o transplante estarei arriscando. São dois grandes riscos e eu não sei o que pensar e o que fazer. Já estou ficando angustiada de novo! Tinha passado e eu tinha prometido que não ia mais ficar pensando nisso agora, que iria esperar janeiro chegar para então pensar nisso, mas é que depois de ler e ver “pior prognóstico da doença” eu senti um aperto enorme no coração.
Tenho pedido tanto a Deus, mas tanto, para que Ele me ilumine e me ajude a tomar a melhor decisão, para que Ele me dê uma luz, um sinal, sei lá, qualquer coisa que alivie essa dúvida. Será isso um sinal? Será que é melhor eu fazer isso logo e me livrar logo disso? Ando sentindo umas sensações estranhas, fraqueza, moleza e qualquer coisinha diferente que eu sinto já penso logo que essa doença horrorosa voltando. Será que preciso mesmo viver nessa angústia por vários anos sendo que posso acabar com isso logo? Tudo pra que? Tudo pela sede de viver logo, de tentar recuperar um tempo perdido? De que vai adiantar? E se daqui uns anos ela resolve voltar e me impedir de viver novamente? E se tudo que eu planejei viver agora for novamente roubado por ela?
Tudo que eu peço agora é muita fé e luz! É tudo que eu preciso. Pra alguns pode parecer uma decisão simples, como muitos já me falaram: vai, faça, está esperando o que? Acontece que só quem já passou por tudo sabe do que eu estou falado. Fazer o transplante significa mais um ano parada, sem estudar, sem sair, sem ver meus amigos, sem vida social normal. Ao mesmo tempo significa uma vida inteira de tranquilidade. O prazer momentâneo não compra a tranquilidade futura. Nem sempre o imediato é mais garantido e melhor do que o futuro. 
Estou com medo de não dar certo, estou com medo do que vou perder, estou com medo de passar por tudo aquilo outra vez. Estou com medo do que está por vir. Estou com mais medo ainda da decisão que irei tomar. Seja ela qual for, que seja muito abençoada. A sensação de que tudo acabou é a melhor do mundo e eu acho que é ela que me tenta tanto. Acho que é essa sensação que não me deixa olhar pra frente e imaginar um novo obstáculo, porque ela é tão confortável, tão agradável, pra então sentir algo ruim se é essa sensação boa que me conforta.
Não há nada melhor que olhar para trás e ver que tudo passou e que agora há uma nova vida a ser começada. Acho que eu ainda não posso dizer isso, mas já experimentei o gostinho dessa sensação, é maravilhoso!
Boa tarde a todos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário